A Polícia Civil pode investigar as circunstâncias da morte de um menino de 7 anos por afogamento na piscina de um clube em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte, no último fim de semana. A criança teve morte cerebral confirmada nesse domingo (20).

Bernardo França Rocha fez aniversário na última sexta-feira (18) e, para comemorar, a família resolveu ar dois dias no clube Thermas Internacional. “Já tínhamos combinado de ficar o fim de semana.  Bernardo estava animado e todo dia perguntava se a comemoração estava próxima”, contou o padrasto do garoto, Jefferson André Miranda, de 34 anos.

No sábado (19), junto com a mãe, o padrasto, os avós e tios maternos, a criança seguiu para o espaço de lazer, onde chegou por volta das 9h. Conforme Miranda, durante todo o dia, o menino brincou normalmente na piscina infantil, que tem entre 60 e 70 cm de profundidade.

“Sempre estávamos supervisionando, ele sabia nadar e a água estava batendo em sua cintura. Por volta das 16h, nós, adultos, ficamos em pé na borda da piscina enquanto ele entrou. Foi questão de segundos, não sabemos o que aconteceu. Quando vi, um homem estava com ele nos braços”, contou o gerente de projetos.

Já inconsciente, o garoto começou a receber atendimento de duas funcionárias do clube. De acordo com Marcos Paulo Vieira Freitas, gerente do estabelecimento há 18 anos, o garoto foi retirado da piscina por um segurança, que acionou imediatamente o departamento de enfermagem do local.

As enfermeiras começaram o procedimento de primeiros socorros até a chegada dos bombeiros. Ainda segundo o gerente, durante a tentativa de reanimação realizada pelas  funcionárias, o menino vomitou muito.

Militares do Corpo de Bombeiros também tentaram reanimar a criança, que precisou ser levada de helicóptero ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital mineira. “Acreditamos que tenha sido uma fatalidade. O Bernardo, que era filho único, não tinha nenhum problema de saúde. Resolvemos doar os órgãos dele para fazer bem a quem precisa”, disse o padrasto.

Família reclama de estrutura para atendimento

Apesar da família afirmar que o caso foi uma fatalidade, o padrasto afirma que a estrutura do clube para caso de afogamentos é falha. “Não vimos lá nenhum tipo de equipamento, não tinha salva-vidas e nem ambulância. Na nossa opinião, as duas enfermeiras não tinham treinamento necessário para a situação”, explicou Miranda.

Ainda conforme ele, a última refeição do enteado por cerca de uma hora e meia antes do acidente. O gerente de projetos também afirma que o clube não entrou em contato após o menino ser encaminhado ao hospital.

“Eles deixaram a gente no João XXIII, já que ninguém tinha condições de dirigir e, desde então, não entrou mais em contato. Vamos registrar um boletim de ocorrência e tomar as medidas necessárias”, finalizou.

Em relação a denúncia da família de que o local não conta com transporte adequado para transferência de possíveis vítimas para hospitais, o clube Thermas Internacional confirmou não ter ambulância. Contudo, alega que, além de suas enfermeiras, todos os seus funcionários recebem treinamento de primeiros socorros.

Neste caso específico, o clube diz ter feito tudo que estava ao seu alcance, realizando os primeiros socorros e acionando ambulâncias do Corpo de Bombeiros e do Samu.

Recomendações dos bombeiros

Segundo o bombeiro especialista em salvamento aquático, sargento Benedito Eduardo Lima, o Corpo de Bombeiros e a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) recomendam que todos os clubes tenham equipamentos de segurança. No entanto, cada município tem decide sobre o que deve ser de uso obrigatório.

“Recomendamos um desfibrilador, máscaras de respiração artificial, colar cervical nos tamanhos P, M e G, e uma prancha longa. Além de dois salva-vidas por cada piscina, uma vez que eles podem evitar até 94% dos afogamentos”, explicou.

Fonte: O Tempo