Minas Arena tem decisão favorável em ação contra o Cruzeiro
Decisão obriga clube azul a destinar 25% da renda de seus jogos ao pagamento de dívida de R$ 9,1 milhões de despesas operacionais atrasadas
A Minas Arena, a do Mineirão, recebeu com surpresa o pedido de rescisão contratual do Cruzeiro para com a empresa impetrada nesta quarta-feira na 32ª Vara Cível de Belo Horizonte. A postura da diretoria celeste coincide com uma decisão, também nesta quarta-feira, que obriga o clube azul a destinar 25% da renda de seus jogos ao pagamento de dívida de R$ 9,1 milhões por não pagamento de despesas operacionais
“Nós recebemos com surpresa. Ficamos sabendo pela imprensa. Não fomos intimados pela Justiça para saber o que foi entregue como defesa do Cruzeiro e como pedido de contestação. Nós temos muita segurança que a Minas Arena sempre seguiu rigorosamente todas as cláusulas contratuais. Nós não temos nenhum porém neste sentido, não fomos notificados pelo clube anteriormente a respeito de várias posições que ele coloca ali”, explicou o diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd, ao Super FC.
O Cruzeiro cobra R$ 25 milhões da Minas Arena por perda de receita de ingressos vendidos pela concessionária, vagas de estacionamento, indenização por shows realizados em dias de partidas do time entre outras ações.
A ação movida pelo clube é uma reconvenção (uma ação contra o autor), que originou a cobrança da dívida pela Minas Arena. “A Minas Arena cobrava do Cruzeiro 70% dos custos de jogo. Hoje tivemos uma notícia de uma decisão judicial que favorece a concessionária que nos dá a entender que nossa argumentação tem fundamento. A decisão atrela 25% do borderô de jogo para um depósito judicial para que tenha uma garantia de pagamento”, explicou Lloyd.
Boa relação
A Minas Arena reafirma o bom relacionamento com o clube. “O nosso relacionamento comercial com o Cruzeiro, até hoje, é muito positivo. No último jogo fizemos um acordo de venda dos ingressos dos nossos assentos (setor Vermelho Inferior), o próprio projeto Mineirão Tribuna, que foi vendido pelo clube. Acabamos de fazer o lançamento da camisa aqui sem cobrar custos. O nosso relacionamento comercial é positivo. Existe uma questão jurídica que é complexa “, explicou o diretor da empresa
Sobre a indisponibilidade de vagas no estacionamento, a Minas Arena informa que cumpre as cláusulas contratuais. “Existem algumas disponíveis para o clube e disponibilizamos para os torcedores. No nosso contrato de fidelidade, existe uma divisão de vagas e de bar. Isso nunca foi negado. Esse valor é um encontro de contas do que o Cruzeiro deve, menos o que a Minas Arena deve. Existe uma porcentagem de estacionamento e bar que foi subtraída do montante devido ao clube. E só esta parte foi judicializada”, afirmou Lloyd.
Samuel Lloyd elucida como se dá a relação contratual com o clube. ““A Minas Arena não se remunera em cima do Cruzeiro. Não temos um lucro efetivo do pagamento direto do clube para a concessionária. Essa dívida se trata basicamente do reembolso de custos e despesas. São custos que vão para a empresa de segurança, limpeza, pagamento de energia, água. Não existe um aluguel de campo para o Cruzeiro, pelo contrário. A Minas Arena remunera 30% desses custos. O Cruzeiro só tem que pagar 70% desses custos”.
A Minas Arena garante que não cobra ingressos a preços 20% superiores aos mais caros oferecidos pelo clube. “O contrato de fidelidade trata dos ingressos de modo individualizado. É muito fácil checar essa informação. Basta entrar no site da federação, onde os preços dos ingressos estão definidos. Quando o valor não respeita esse limite, é quando reamos o preço das cadeiras para o próprio Cruzeiro vender. O limite sempre é respeitado”, ponderou.
Sobre as alegações celestes por causa do hino do Atlético tocado na final do Campeonato Mineiro, em 2013, a empresa tratou o episódio como algo não relevante. “Para nós, é um fato irrelevante, que não afetaria a imagem do clube. O Cruzeiro é muito maior do que isso”, disse o diretor comercial. Sobre as despesas que o Cruzeiro teve por causa de indenizações do jogo inaugural do estádio, em 2013, a empresa afirma que arcou com todas que lhe couberam.
Leia a nota da Minas Arena na íntegra:
Com relação à informação veiculada na imprensa no dia de hoje, sobre a defesa apresentada na Justiça pelo Cruzeiro Esporte Clube, a concessionária que istra o Mineirão informa que não foi intimada oficialmente. A concessionária sempre lidou com o clube e sua torcida de forma transparente e foi surpreendida pelo pedido de rescisão contratual noticiado pela imprensa após acionar o Cruzeiro judicialmente solicitando cobrança da dívida referente ao reembolso de parte dos custos das partidas.
Vale lembrar que a Justiça concedeu decisão favorável à concessionária, referente à causa movida pela empresa em março/16, no qual foi determinado bloqueio e o depósito em juízo do valor correspondente a 25% da receita líquida das próximas partidas realizadas sob o mando do Cruzeiro Esporte Clube, para ressarcimento da dívida do clube.
A concessionária afirma ainda que cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais vigentes, inclusive em pontos levantados pelo clube em entrevistas à imprensa, e informa que não foi notificada pelo Cruzeiro com relação aos temas abordados.
Importante ressaltar que o Mineirão não cobra do clube por aluguel ou cessão de espaço, e sim, por reembolso dos valores referentes às despesas com terceiros, tais como segurança, limpeza, brigadistas, sinalização, água e luz.
A concessionária reafirma que está aberta ao diálogo com o clube e que o estádio estará sempre de portas abertas para o Cruzeiro e todos os clubes mineiros.