Discurso da Presidenta Dilma em Inhapi/AL

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de inauguração do trecho III do Canal do Sertão Alagoano – Inhapi/AL

Eu acredito, eu acredito que a gente sabe que as águas do São Francisco estão distantes daqui 93 quilômetros. Agora, o que nós fizemos, nós trouxemos o São Francisco para aqui, porque ali a o rio São Francisco. Eu vi o rio São Francisco correndo ao abrir, ao apertar aquele botão e abrir a comporta e ver a água chegando e indo, ela vai chegar em Arapiraca.

por Portal Planalto — publicado 05/11/2015 

Inhapi-AL, 05 de novembro de 2015

78b90fb6-2ce7-4340-a9fa-884035f98563

Boa tarde a todos.

Eu queria saudar aqui os trabalhadores e as trabalhadoras que tornaram possível essa inauguração e essa obra. Meus parabéns a vocês.

Queria cumprimentar aqui o Renan Filho, governador do nosso querido estado de Alagoas, e a senhora Renata Calheiros,

Cumprimentar o prefeito, o nosso prefeito Zé Cícero, prefeito de Inhapi,

A senhora Dora, por meio de quem eu também cumprimento os demais prefeitos das cidades beneficiadas,

Cumprimento também os prefeitos aqui presentes: Albani, de Água Branca; a Célia Rocha, de Arapiraca. A Célia é a mais entusiasmada. É fácil saber quem é a Célia; o Celso Luiz,  de Canapi; o Lula Cabeleira, de Delmiro Gouveia; Jacob Brandão, de Mata Grande; José Gualberto, de Olho D’água do Casado; Fabiano Ribeiro de Santana, de Pariconha;  Manoel Brasiliano, de Piranhas.

Cumprimento o nosso ministro Gilberto Occhi, ministro de Integração Nacional, podia chamar ele, também, o ministro das Águas,

Quero cumprimentar o nosso querido senador Benedito de Lira,

Os deputados federais: o Givaldo Carimbão, o Marx Beltrão, o Maurício Quintella Lessa e o Paulão,

Cumprimento também o deputado estadual Inácio Loiola,

Queria cumprimentar dois secretários nacionais que estão aqui hoje conosco: o Osvaldo Garcia, de Infraestrutura Hídrica, e o Maurício Muniz, que é o secretário nacional do PAC.

Cumprimentar os secretários estaduais: Aparecida Machado, da Infraestrutura, e o Alexandre Ayres, do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Cumprimentar o Jorge Fortes, diretor de Relações Institucionais da OAS,

Queria dirigir um cumprimento especial aos representantes dos movimentos sociais aqui presentes: a Mariângela Nascimento dos Santos, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Pescadoras de Alagoas; a Maria Clara Silva dos Santos, da ASA, Articulação do Semiárido. Aliás, a Articulação do Semiárido é responsável por um dos projetos mais importantes feito em parceria com o governo federal e com os governadores, que são as cisternas, tanto de primeira como de segunda água.

Queria também cumprimentar o José Robério de Jesus Oliveira, da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Alagoas,

Cumprimentar as senhoras e os senhores  jornalistas, os senhores e as senhoras fotógrafos e cinegrafistas.

Meus queridos alagoanos, eu quero dizer para vocês que essa é a terceira vez que eu venho aqui para essa obra, que eu considero uma das obras mais importantes tanto do governo do presidente Lula quanto do meu governo.

A primeira vez que eu vim aqui, eu vim acompanhando o presidente Lula como ministra-chefe da Casa Civil. A gente vinha lançar o Canal do Sertão Alagoano. Depois eu voltei para inaugurar o primeiro trecho do Canal do Sertão Alagoano. Aí, eu acho que ainda não era presidente. Na outra vez, eu voltei para inaugurar, aí eu já era presidente, a segunda etapa do Canal do Sertão Alagoano.

E hoje eu tenho orgulho de estar aqui, ou seja, pela quarta vez, quarta vez, inaugurando o terceiro trecho do Canal do Sertão Alagoano. E eu tenho certeza que eu voltarei aqui uma quarta vez ou uma quinta vez para inaugura o trecho IV e depois mais uma vez para inaugurar o trecho V. E aí, essa obra, essa obra que nós tanto desejamos, lutamos por ela, porque não, nós não só sonhamos, nós desejamos, lutamos e conseguimos concretizar a obra. Isso mostra, mostra uma coisa muito importante que talvez uma das mais importantes obras feitas no Brasil para garantir que a gente seja capaz de conviver com a seca, e conviver com a seca é entender que a seca pode ocorrer e quem tem de tomar medidas para conviver com ela somos nós, tanto os governos estaduais quanto os governos municipais,  mas também o governo federal. E eu tenho orgulho de estar aqui hoje nessa inauguração. Com ela totalizamos 93 quilômetros de canal.

Noventa e três quilômetros. Esses 93 quilômetros, eles são muito importantes, porque eles viabilizam, eles viabilizam uma coisa que foi chamada aqui como um rio, o rio alagoano, porque o canal alagoano é um rio alagoano. Viabiliza uma coisa que vai garantir a modificação, hoje nós estamos aqui ainda, a gente vê uma paisagem de seca muito forte porque de fato o Nordeste está ando pelo quinto ano de seca e esse quinto ano de seca se não traz o desespero para as pessoas porque nesse período nós providenciamos carros-pipa, nós providenciamos cisternas de primeira e segunda água, medidas de uma certa forma emergenciais.

Nós criamos o Bolsa Garantia-Safra e o Bolsa Estiagem. Nós temos toda uma rede de proteção que é garantida pelo Bolsa Família, nós não pensamos só nisso não, nós olhamos o futuro e chegamos a conclusão que tinha de ter obras estruturantes, obras que garantissem o o à água para milhões, para milhões de pessoas no nordeste brasileiro. Aqui mora uma parte expressiva do Brasil, é justo que as condições de vida aqui sejam da melhor qualidade, e aí uma obra como o Canal do Sertão Alagoano é para isso, é para transformar essa região, é para fazer com que essa região possa plantar, o governador estava me dizendo, possa trazer para cá indústria de frutas, possa trazer para cá toda sorte de situações que favoreçam a pequena propriedade, que ele possa ter a sua criação, que seus bichos tenham o à água, que ele possa plantar e que, quando ocorrer a seca, as pessoas possam viver e conviver com a seca.

Eu acredito, eu acredito que a gente sabe que as águas do São Francisco estão distantes daqui 93 quilômetros. Agora, o que nós fizemos, nós trouxemos o São Francisco para aqui, porque ali a o rio São Francisco. Eu vi o rio São Francisco correndo ao abrir, ao apertar aquele botão e abrir a comporta e ver a água chegando e indo, ela vai chegar em Arapiraca. Eu acho estranho vocês estarem tão surpresos, porque que nós chegamos até aqui se nós não vamos chegar até Arapiraca?

Bom mais eu quero dizer que não basta só ter só o canal ali, não basta, daí eu acho a importância da adutora. Eu, perto do Natal, quero dizer que se não vier, eu estarei pensando em vocês. Porque a adutora vai levar a água para a dona de casa, vai levar a água para poder tirar a sede das pessoas, vai levar a água para tirar a sede dos animais em oito municípios, a chamada Adutora do Alto Sertão, oito municípios, totalizando 180 mil habitantes, oito municípios. É isso que, esse canal é para chegar às pessoas, então, por isso que no Natal, eu acho importante que seja perto do Natal porque o Natal é um momento de celebração, de harmonia, de convivência e de solidariedade. Nada mais solidário do que a água para 180 mil habitantes.

Agora eu também me convido e aí eu me convido para estar aqui no final do outro ano, porque vai levar, a adutora, a chamada Adutora da Bacia Leiteira, que vai levar água para 19 municípios, mais 287 mil habitantes, ou seja, quase 500 mil pessoas vão ter o a água através das duas adutoras, mas não basta isso.

O governador estava falando dos perímetros irrigados, estava falando, por exemplo, do projeto de irrigação de Delmiro Gouveia. Na verdade, tem vários projetos de irrigação associados ao Canal do Sertão Alagoano. Que eu saiba, além do projeto de irrigação de Delmiro Gouveia, tem o de Pariconha, o Inhapi 1 e o Inhapi 2. Nós vamos ter de construir as condições para fazer todos eles, atraindo inclusive, pessoas tanto da agricultura familiar, como empresários, investidores, que terão a garantia da água de qualidade como nós vimos hoje.

É um momento muito importante porque mostra que o sertão alagoano tem água. Aquela grande, aquele trecho da música que dizia: “O sertão vai virar mar”, o sertão não virou mar, mas virou um rio. É isso que nós estamos fazendo aqui hoje.

Quero dizer também que nós temos consciência de que é fundamental quando a gente tem momentos de dificuldades, a gente mostrar não desespero, não, como disse o governador, ficar cabisbaixo. Em momentos de dificuldade é que a gente tem de construir o futuro. Cada um de nós sabe quando a família a por uma dificuldade, o que que acontece? Uma parte aperta um pouco o cinto, outra parte olha aquilo que é importante para família e que tem de ser mantido.

No Brasil, nós estamos ando por uma dificuldade, agora tem uma coisa que é importantíssima de ser mantida: são todas as obras ligadas à questão da seca. Por quê? Porque nós temos consciência que, pela primeira vez no Brasil, a partir do governo do presidente Lula e com o meu governo, nós enfrentamos com obras que vão solucionar o problema, a questão da seca. Quais são essas obras? Elas estão só aqui em Alagoas? Não. Elas estão aqui em Alagoas e estão espalhadas por todos os estados do Nordeste.

Hoje, todos os estados do Nordeste têm obras relacionadas à questão da garantia do o à água. Porque água, gente, é vida. Água é essencial para as pessoas sobreviverem, para as famílias serem constituídas, para as pessoas terem o mínimo de condições para viver de forma digna e decente. Daí a importância, por exemplo, do Projeto de Interligação do São Francisco. Aqui nós temos um projeto especial para Alagoas, que é o Canal do Sertão Alagoano, que traz água do São Francisco. Depois nós temos também o Programa de Integração do São Francisco.

E aí, eu quero dizer uma coisa para vocês, é uma grande preocupação do meu governo a preservação do rio do Velho Chico. O Rio São Francisco é sinônimo para todos nós de condições adequadas de vida, de riqueza, de progresso, de prosperidade. Daí porque a gente que tem de preservar as nascentes do rio, a gente tem de combater de todas as formas a desertificação do rio, tirar das margens do rio toda aquela proteção, toda aquela vegetação que protege o Rio para não haver assoreamento do Rio, diminuição do volume de águas.

Eu quero dizer isso para vocês porque é uma questão de consciência. No Brasil, todo mundo luta para preservar a Amazônia. Nós, inclusive, conseguimos reduzir o desmatamento da Amazônia em 82%. Mas eu acho importante que todos nós nos unamos para preservar o São Francisco, para garantir que o São Francisco tenha água corrente e água de qualidade, fazer isso – tanto lá pra Delmiro Gouveia, tanto para Arapiraca quanto para todas as cidades desse percurso – é algo essencial porque preserva o Canal do Sertão Alagoano. Eu tinha de falar isso porque eu considero muito importante para todos nós que o rio tenha as suas condições preservadas.

Além disso, eu queria dizer para vocês que nós temos tido todo o empenho de tratar essa questão dramática que é a falta de chuvas aqui em todo o Nordeste, mas também aqui em Alagoas. Neste momento, neste preciso instante, nós temos aqui 177 carros que são controlados, são do governo federal, controlados pelo Exército Brasileiro, apoiando o governador para atender 33 municípios, reforçando a operação do governador dos carros-pipa, que centenas de carros-pipa do governo do estado.

Nós também temos uma política de instalação de cisternas com a ASA, de cisternas de segunda água, o que é muito importante, por quê? Porque nas regiões mais afastadas, a cisterna de segunda água, seja captando água da chuva, seja recebendo água do carro-pipa, viabiliza a produção rural. Nós também temos o interesse em implantar todos os tipos de sistemas simplificados para viabilizar que haja produção rural adequada nessa região.

Eu queria dizer para vocês, eu tenho um compromisso com vocês, que é manter os investimentos que nós planejamos fazer para garantir e conquistar a chamada segurança hídrica aqui em Alagoas. Esse é o meu compromisso, e também continuar tomando as medidas emergenciais necessárias, para que aqui a gente não assista o que se assistiu antes de trágico e de dramático, que era pessoa invadir supermercado, entrar em feira porque não tinha o que comer.

Nós temos certeza que as condições, as condições, veja bem, da pior seca, não é a gente acha, é garantido que é, a pior seca na região do Nordeste nos últimos cem anos. Essa é a pior seca nós vamos enfrentar com vocês, povo trabalhador, capaz e competente. Nós vamos enfrentar de cabeça erguida, vamos superar e vamos criar as condições para uma vida melhor aqui na região.

Eu queria agora acabar com todo o suspense que o governador criou. O governador queria que vocês tivessem levantado e pedido numa única voz “conta, conta”. Como vocês não pediram, eu vou contar para vocês. É a pavimentação da rodovia, da BR que liga Carié até Inajá. É essa a obra que nós iniciamos. É importante você saber que a licitação de RDC integrada foi finalizada em setembro agora, ado, e nós pretendemos, a partir do projeto pronto, iniciar a obra em fevereiro, na segunda metade de fevereiro. Essa era a proposta feita pelo governador.

Mas, além disso, eu queria dizer para vocês que nós, aqui, vamos fazer um enorme esforço para apoiar o governo do estado naquilo que for possível e for necessário. Acredito que há um grande, um grande, uma grande pauta a ser desenvolvida aqui, em várias áreas. Uma das áreas que eu acredito que seja mais importante e que muito me orgulha é a interiorização das universidades, sabe governador? Por quê? Porque eu quero contar uma história que eu acho uma história muito importante. Primeiro porque o governador estava me dizendo que aqui, no campus de Delmiro Gouveia, tem estudantes que usam nosso programa Ciência Sem Fronteiras e vão para o exterior, para os Estados Unidos, fazer seu curso.

Mas eu quero contar uma história que é uma história chamada a História da Oportunidade. Porque as pessoas do nosso País, o povo do nosso País é esforçado, o povo do nosso País corre atrás, o povo do nosso País, se tiver uma oportunidade, ele agarra com as duas mãos.

Eu escutei durante muito tempo muita gente, ou melhor, pouca gente com muito dinheiro, falando mal do Bolsa Família. “Ah, o Bolsa Família não devia dar porque as pessoas se acomodam, etc”. Bom, mas eu quero contar uma história que é uma história muito importante porque é uma história de sucesso. No Brasil tem muita gente, aliás pouca gente muito rica que gosta de contar história de fracasso. Mas eu quero contar uma história de sucesso. Nós vivemos em uma época em que o Brasil vai ter no ano que vem as Olimpíadas, está ótimo. Mas eu não sei se vocês sabem que, além de Olimpíadas de esporte, tem também Olimpíadas do Conhecimento, em que as pessoas, os alunos competem para saber quem é melhor naquela área, e ela é internacional. E é uma área do conhecimento, da inovação e da tecnologia. Então, essa Olimpíada do Conhecimento, ela se realiza uma vez por ano. O Brasil ficava ali às vezes em quinto lugar, às vezes um pouco mais atrás, mas sempre ficava entre os dez primeiros. Chama World Skills essa olimpíada. Aí, esse ano nós ganhamos, tivemos o primeiro lugar e medalha de ouro. Mas não é isso que eu estou contando. Eu quero contar para vocês quem ganhou o primeiro lugar. A pessoa que ganhou o primeiro lugar e a ganhou medalha de ouro fez um depoimento comovente. Disse que a mãe recebia Bolsa Família e que por isso ele teve oportunidade para estudar. Não só ele vinha de uma família mais pobre, como ele aproveitou a oportunidade da família dele, aproveitou o o à universidade paga, que é, até então ele não podia ter o porque a universidade paga não cabia do bolso do trabalhador. Como nós fizemos o Prouni, o Fies, ou a caber. Então ele tinha feito curso, ele aproveitou a oportunidade e ele ganhou uma competição internacional. Não é contra as pessoas aqui do Brasil, ele ganhou contra representantes da Alemanha, da Coreia do Sul, da França, da Itália, da Suíça, do Japão, ou seja, onde há as maiores qualificações na área de inovação, tecnologia e educação.

Com isso eu quero dizer o seguinte, eu quero encerrar dizendo o seguinte, um governo, um governo tem de ser julgado pelo fato dele dar ou não oportunidade ao seu povo. As pessoas são diferentes, cada um de nós é diferente do outro, e isso é uma coisa fantástica e faz o mundo ser mais interessante. Mas as oportunidades têm de ser as mesmas; seja para os meus filhos, meus netos, seja para os netos de vocês, seja para os netos de um rico, seja para o neto de um pobre, seja para o filho de um rico ou filho de um pobre. O que o governo tem de fazer? Dar oportunidades iguais. Se ele deve dar oportunidades iguais para as pessoas, eu queria perguntar para vocês uma coisa: as oportunidades iguais também não tem de ser iguais para os estados e para as regiões? Tem. Tem. A obra do Canal do Sertão Alagoano é uma obra que tenta, e vai conseguir, dar oportunidades iguais para quem nasce aqui ou para quem nasce num lugar onde o rio a. É isso que nós estamos construindo hoje, aqui. Reequilibrando no Brasil a geografia, porque você tem de reequilibrar a geografia. Não mora gente aqui? Mora. Nós queremos que essas pessoas encham os caminhões, que era o que acontecia antes, e vão para São Paulo, para o Sul, Sudeste desse país procurar emprego? Não queremos. Nós queremos que os empregos, a riqueza e as condições de vida estejam aqui também. É isso que eu queria encerrar e dizer para vocês.

Deixe um comentário